Os Emiratos Árabes Unidos (notório estado EUA dependente) tornaram-se, ontem, o primeiro estado árabe a reconhecer a “independência” do Kosovo, abrindo, lamentavelmente a porta aos mais que previsíveis outros reconhecimentos de estados islâmicos nos próximos tempos, o que parece revelar o início de uma tendência negativa relativamente ao lóbi - bem sucedido - que a Sérvia vinha promovendo naquela região.
No comunicado da agência oficial WAM não se esquecia de referenciar que o novo “estado” possui uma maioria muçulmana e uma população eticamente albanesa. A agência oficial do Emirado afirma ainda que o reconhecimento é um claro sinal de apoio às nações que exercem o seu legítimo direito à auto-determinação. Embora, ao que parece, tal direito seja apenas para este “unique case” (era bom que explicassem, bem devagarinho, o porquê deste estatuto, de modo inteligível e sem a priori ditados pela “american voice”) não se aplicando à Abecázia, Catalunha, Ossétia do Sul, País Basco entre tantos outros...
O mais escandaloso nisto tudo é que se pretenda mascarar de direitos e justiça o que é meramente a execução de inconfessáveis interesses americanos e dos federastas europeus.
quarta-feira, 15 de outubro de 2008
terça-feira, 14 de outubro de 2008
Distúrbios em Podgorica
Explosões, sirenes de ambulâncias, confrontos e agitação nas ruas vão fazendo o quotidiano de Podgorica (capital do Montenegro), na sequência da manifestação de cerca de 10.000 manifestantes pró-Sérvia que protestavam contra o reconhecimento do Kosovo pelo seu país e da qual resultaram dezenas de feridos.
A oposição critica aquela decisão afirmando que o governo apunhalou a Sérvia pelas costas e aos gritos de “Traição”, “Kosovo é Sérvia” ou “Kosovo, coração da Sérvia” concederam ao primeiro-ministro um ultimatum para anular o reconhecimento dentro de 48 horas, convocar um referendo sobre o assunto ou sujeitar-se à convocação de eleições antecipadas.
Lembremos que cerca de 1/3 da população do Montenegro se declara sérvia, havendo apenas cerca de 7% de população albanesa.. Aqui como em tantos outros países uma consulta popular deitaria por terra as opções políticas de um governo distante dos anseios do seu povo. Sondagens fornecem mesmo o expressivo número de aproximadamente 80% de opositores a esta decisão. Mas o motivo é óbvio e declarado: pressões da UE; de novo o pranto de lentilhas... Lá como cá...
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
André Freire sobre o reconhecimento do Kosovo
André Freire, num artigo da edição de hoje do jornal «Público» intitulado “A geopolítica das sociedades divididas”, considera que “o reconhecimento do Kosovo representa uma decisão à margem do direito internacional e de certos princípios fundamentais da ordem internacional (como a "integridade territorial dos países")”, acrescentando que “a sua defesa não pode servir para uns casos (como a Geórgia, a Bósnia, etc.) e ser ignorada noutros”. O politólogo alerta ainda para o facto de “esta decisão não trazer mais problemas aos Balcãs: a solução encontrada não é aceite para casos semelhantes que, por isso, se sentem desigualmente tratados. Exemplo: a República Sprska, esmagadoramente Sérvia, tem expressado o desejo de se separar da Bósnia”; lembrando que “há uma grande diferença entre o Kosovo e as outras entidades secessionistas: foi sempre uma região integrada na Sérvia”.
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Reconhecimentos a troco de "lentilhas"
A troco de algumas lentilhas, ministradas generosamente pelos EUA e seus comparsas federastas da UE, mais dois países, o Montenegro e a Macedónia (país que oficialmente ainda se chama Antiga República Jugoslava da Macedónia, ou FYROM) reconheceram ontem a "independência" do Kosovo (um dia depois, recorde-se, da Assembleia-Geral das Nações Unidas ter aprovado que se consulte o TIJ sobre a legalidade daquele processo), elevando, assim, para cinquenta o número de países que reconheceram tal aberração.
O departamento de Estado norte-americano exultou afirmando que aquela decisão ajudará à mudança da região tendente a uma maior integração nas instituições euro-atlânticas (leia-se a batuta americana...). Esta submissão, estou certo, favorecerá a candidatura à Europa dos federastas e a admissão na OTAN, pois claro. As lentilhas hoje possuem nomes mais pomposos e modernaços...
Estes reconhecimentos são particularmente graves dada a responsabilidade dos Estados daquela península na estabilidade da mesma.
O protesto da Sérvia não se fez esperar e o embaixador montenegrino (região ortodoxa onde vivem inúmeros sérvios) foi expulso ao afirmar-se que já não era bem vindo em Belgrado, igualmente foi convidado a abandonar a Sérvia, nas próximas 48 horas, o embaixador da FYROM.
quarta-feira, 8 de outubro de 2008
Importante vitória da Sérvia
A decisão de hoje da Assembleia Geral da ONU que aprovou a proposta da Sérvia de consultar o Tribunal Internacional de Justiça de Haia sobre "Se a declaração unilateral de independência declarada pelas instituições provisórias de auto-governo do Kosovo é conforme ao direito internacional", mostra, se necessário fosse, quão canina, precipitada e desajustada foi a resolução de ontem do governo de Portugal e constitui um eventual primeiro passo no sentido da reposição da legalidade internacional (se o TIJ revelar a necessária isenção...).
Recordemos que para a República Sérvia, a independência unilateral viola a Carta das Nações Unidas e a resolução 1.244 que, em 10 de Junho de 1999, colocou aquela província sérvia, actualmente com maioria étnica albanesa, sob a administração das Nações Unidas. O governo sérvio advoga que não se pode alterar o estatuto daquele território sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU (no qual, recorde-se, o poder de veto da Rússia bloqueará todas as propostas favoráveis à independência).
A resolução hoje discutida recebeu o apoio de 77 (de realçar o dos cinco membros da União Europeia: Chipre, Eslováquia, Espanha, Grécia e Roménia) dos 192 membros do órgão, apenas seis votos contra (Estados Unidos - que classificaram o assunto de desnecessário e sem utilidade uma vez que a "independência é irreversível" -, Albânia e as "ornamentais" Ilhas Marshall, Mauritânia, Micronésia, Nauru e Palau) e 74 abstenções (entre as quais a de Portugal).
O ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Vuk Jeremic, disse que solicitar a opinião do tribunal internacional é a melhor via para resolver a crise. O ministro sérvio advertiu que, como é evidente e a história recente o demonstrou, permitir a independência unilateral do Kosovo estabelece precedentes para outras partes do mundo com intenções separatistas.
Recordemos que para a República Sérvia, a independência unilateral viola a Carta das Nações Unidas e a resolução 1.244 que, em 10 de Junho de 1999, colocou aquela província sérvia, actualmente com maioria étnica albanesa, sob a administração das Nações Unidas. O governo sérvio advoga que não se pode alterar o estatuto daquele território sem a aprovação do Conselho de Segurança da ONU (no qual, recorde-se, o poder de veto da Rússia bloqueará todas as propostas favoráveis à independência).
A resolução hoje discutida recebeu o apoio de 77 (de realçar o dos cinco membros da União Europeia: Chipre, Eslováquia, Espanha, Grécia e Roménia) dos 192 membros do órgão, apenas seis votos contra (Estados Unidos - que classificaram o assunto de desnecessário e sem utilidade uma vez que a "independência é irreversível" -, Albânia e as "ornamentais" Ilhas Marshall, Mauritânia, Micronésia, Nauru e Palau) e 74 abstenções (entre as quais a de Portugal).
O ministro das Relações Exteriores da Sérvia, Vuk Jeremic, disse que solicitar a opinião do tribunal internacional é a melhor via para resolver a crise. O ministro sérvio advertiu que, como é evidente e a história recente o demonstrou, permitir a independência unilateral do Kosovo estabelece precedentes para outras partes do mundo com intenções separatistas.
Declarações do Embaixador da Sérvia
O embaixador da Sérvia em Portugal, Dusko Lopandic, lamentou hoje a decisão do Governo português de reconhecer a independência do Kosovo, proclamada unilateralmente a 17 de Fevereiro.
Portugal é o 48º país do mundo a reconhecer esta independência e o 22º da União Europeia (UE).
"Lamentamos a decisão do Governo português" declarou o diplomata no final da tarde de hoje, depois de receber a confirmação oficial através de canais diplomáticos.
"Continuamos a pensar que a independência unilateral proclamada pelo Kosovo é ilegal e vai contra a legislação internacional", frisou.
Dusko Lopandic adiantou que "os países que reconheceram esta independência cometem um grave erro legal e político". "As independências não podem decorrer de actos unilaterais, isto não representa nada e a Sérvia está empenhada em continuar à procura de uma solução pacífica", afirmou.
O diplomata recordou que a Sérvia intercedeu junto da Assembleia-Geral das Nações Unidas para pedir ao tribunal Internacional de Justiça um parecer acerca da legalidade da independência do Kosovo que será discutido amanhã. "Ora, Portugal, teria podido esperar pela posição da ONU", concluiu.
Fonte: "Público" (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345252)
Portugal é o 48º país do mundo a reconhecer esta independência e o 22º da União Europeia (UE).
"Lamentamos a decisão do Governo português" declarou o diplomata no final da tarde de hoje, depois de receber a confirmação oficial através de canais diplomáticos.
"Continuamos a pensar que a independência unilateral proclamada pelo Kosovo é ilegal e vai contra a legislação internacional", frisou.
Dusko Lopandic adiantou que "os países que reconheceram esta independência cometem um grave erro legal e político". "As independências não podem decorrer de actos unilaterais, isto não representa nada e a Sérvia está empenhada em continuar à procura de uma solução pacífica", afirmou.
O diplomata recordou que a Sérvia intercedeu junto da Assembleia-Geral das Nações Unidas para pedir ao tribunal Internacional de Justiça um parecer acerca da legalidade da independência do Kosovo que será discutido amanhã. "Ora, Portugal, teria podido esperar pela posição da ONU", concluiu.
Fonte: "Público" (http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1345252)
terça-feira, 7 de outubro de 2008
Comunicado
A Associação Portugal-Sérvia lamenta profundamente a decisão do governo português ao reconhecer, esta terça-feira, formalmente o Kosovo, tornando-se, ainda assim apenas, o 48.º país do mundo a reconhecer a "independência" daquela província Sérvia, que declarou unilateralmente, e contra o direito internacional, a sua "independência" há quase oito meses.
Trata-se de uma posição de mera subserviência a uma política de facto consumado, ditado exclusivamente pela força e interesses, pouco claros, de desejo de vingança contra a martirizada Sérvia. Tal "reconhecimento", que envergonha o país e os portugueses, desrespeitador do direito a que os Estados se devem subordinar, abre a porta a todo o tipo de graves situações análogas no futuro e trai a confiança que em nós depositava um Estado europeu com o qual vimos mantendo as melhores e mais frutuosas relações.
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
sábado, 4 de outubro de 2008
Pacheco Pereira sobre o Kosovo
José Pacheco Pereira escreve no «Público» que o reconhecimento do Kosovo considera “uma política errada e perigosa”. Num artigo com uma excelente análise, conclui que “a decisão do reconhecimento unilateral do Kosovo é também má para os conflitos internos, porque nos Balcãs estas feridas podem conhecer momentos de aparente cicatrização, mas têm uma longa história de abrir de novo. Por muito que isto possa chocar, se se quer mexer nas fronteiras da ex-Jugoslávia, então faça-se "limpeza étnica" a sério, deixando os novos países com um grau de homogeneidade étnica e religiosa bastante para a questão para eles passar a ser de política externa e não interna. Não se choquem muito com esta sugestão, porque foi o que a Sociedade das Nações fez com as populações gregas na Anatólia e turcas na Trácia, nos anos vinte e, já que se está numa de "engenharia nacional", mais valia redesenhar tudo, com muito dinheiro e muita negociação, em vez de reconhecer países na base das fronteiras administrativas da antiga Jugoslávia, mantendo todos os problemas por resolver e acicatando os ódios.”
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